Violência nunca mais!

24/05/2019
Divulgação: internet
Divulgação: internet

Depois de um tempinho sem publicar aqui no "Carta das Leitoras", hoje vim compartilhar uma história surpreendente com vocês. Infelizmente, vamos falar mais uma vez sobre violência (em todas as formas). Um tipo de abuso que cresce sem parar por todo o mundo. No entanto, não precisa ir longe para encontrar casos de pessoas que sofrem com isso (às vezes tem alguém passando por isso do nosso lado). E apesar de ser algo negativo, é de extrema relevância abordarmos aqui. Falar sobre isso pode ajudar a alertar e encorajar mulheres que passam por essa situação constrangedora. Vamos ao relato da nossa leitora, e descobrir qual foi o aprendizado que ela tirou dessa fase ruim.

É difícil começar uma história onde as lembranças foram bloqueadas por anos, como forma de fugir da realidade, ou até mesmo como auto-defesa. A minha começa assim. E saber que não fui a primeira e nem a última é o que mais me assusta. Deixo claro que isso não é segredo, mas nunca foi fácil explicar a bagunça que fica na minha cabeça sempre que o passado vem à tona. O medo de ser julgada e escutar coisas ruins é maior que a minha coragem. Foi então que decidi escrever esse desabafo. Agradeço de coração a minha amiga, administradora do blog pela oportunidade de retratar aqui. E espero, mesmo que pouco, ser capaz de ajudar outras mulheres que, assim como eu, foram vítimas de violência.

Tudo começou há mais ou menos oito anos. Na época, estava no início da fase adulta (tenho 28 anos hoje), mas as coisas eram diferentes do agora. O fato de não ter acesso à informações importantes somado ao fato de morar em uma cidade do interior contribuiu, e muito, para uma certa inocência que não deveria me pertencer. Tá, talvez você se pergunte o porquê de não ter denunciado ou contado para alguém de confiança. Talvez porque até alguns meses eu achasse que esse meu medo, desconfiança e repulsa por homem era pelo lado emocional, por meu ex-namorado ter me traído várias vezes. Talvez porque na minha cabeça o motivo desse meu trauma não era tão grave assim

É notável que para muitas pessoas a violência é física ou verbal. O que não é verdade. Xingar; humilhar; diminuir a autoestima; tirar a liberdade; fazê-la achar que está louca; controlar e oprimir a mulher; expor sua vida íntima; sacudir; atirar objetos; apertar os braços; forçar atos sexuais desconfortáveis ou insistir até a mulher ceder; impedir a mulher de prevenir gravidez ou até mesmo obrigá-la a abortar; controlar o dinheiro ou reter documentos; quebrar objetos da mulher de propósito também são tipos de violência. E saber que passei por algumas dessas situações não foi fácil.

Não existe sensação pior no mundo, para mim, do que ser forçada a ter relações sexuais e ceder por não ter escolha, por saber que, naquele momento, era a sua única saída. É algo que, até hoje, me tira o sono e me faz voltar à época em que escutei de pessoas próximas que tudo aquilo aconteceu comigo porque eu procurava, ia atrás dele. E sempre que paro para refletir pergunto-me até onde nós, mulheres, vamos ter que pagar o preço de algo em que a culpa não foi nossa. Até quando vamos ser julgadas por ter dado "motivos" quando, na verdade, fomos vítimas. Porque não importa quantos anos tenham se passado, o relacionamento abusivo que eu tive continuará sendo o maior motivo da minha insegurança e do meu medo de entregar o que eu tenho de melhor para outra pessoa.

Não é fácil passar por tudo isso. Identificar casos de violência consegue ser ainda pior. Principalmente quando você menos espera, ter passado por isso. Daí vem o choque, a culpa, a vergonha de si mesma... No fundo, você sabe que não tem, mas é inevitável não se sentir assim. Foi o que aconteceu comigo e não desejo para nenhuma mulher. Termino esse pequeno desabafo com a seguinte frase: Você não está louca. E se o seu companheiro faz com que você se sinta assim, saiba que ele não é bom o suficiente para você. Não merece ser calada, interrompida e taxada de louca por ninguém. Muito menos ser obrigada a fazer o que não quer. Você é incrível, mulher. Dona de si e de suas ações. A sua vida diz respeito somente a você. E ninguém nesse mundo tem o direito de te controlar.

"Eu tô na luta, sou mulher. Posso ser o que eu quiser. Se é pra vencer, deixa quem sabe fazer." (Karol Conka)

Que história, em meninas. Dá revolta só de imaginar um idiota qualquer tratando uma de nós tão mal. Que bom que tudo isso passou, e que nossa leitora aprendeu a se defender e não deixar mais se levar por nenhum babaca violento. É importante prestar atenção na mensagem que ela deixa no finalzinho do relato. Não podemos abaixar a cabeça jamais, porque somos donas das nossas vontades. E outra coisa mega importante: SE VOCÊ PASSA OU JÁ PASSOU POR ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA SE AFASTE E DENUNCIE O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL. Não fique buscando razões para justificar o fato, e muito menos espere que ele mude, ou que aquilo não vai voltar a acontecer. Apenas se afaste. Um homem que se atreve a agredir uma mulher merece apenas uma coisa: Desprezo.

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