Se o abuso parte do namorado, não é estupro

18/11/2018
Divulgação: internet
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Hoje o Carta da Leitora é um pouco pesado (e triste). Isso não significa que os depoimentos anteriores foram leves. O detalhe é que está cada vez mais difícil acreditar que tantas mulheres foram (e são) vítimas de um ato tão sujo, como o abuso sexual (ou o estupro propriamente dito). Nesse relato, nossa leitora conta como passou por essa situação e como isso, de alguma forma, fortaleceu o caráter dela. Vamos acompanhar a história e saber o que podemos tirar de "lição".  

Sabe aquela sensação, quando você está namorando uma pessoa e confia nela de olhos fechados? Pois é, eu não. Eu sempre tive um pé atrás em relação aos homens. Mas era na questão de traição mesmo. Afinal, eu sempre ouvi a frase machista dita por pessoas de ambos os sexos, que se tratando de homem: "a carne é fraca". Desse modo cresci acreditando que, quando menos esperasse, seria contemplada com um par de córneos (o que realmente aconteceu). Mas o assunto aqui é outro. Por mais que, nesse quesito eu não tivesse confiança, em outros quesitos, digamos assim básicos, eu tinha total confiança.

Perdi minha virgindade aos 18 anos com meu primeiro namorado. Até então, tudo bem, tudo normal. Bebíamos muito, muito mesmo. Misturávamos qualquer bebida e botávamos pra dentro. Como dizem: "Quem tem limite é município, nós não!". Ás vezes, bebíamos tanto, que eu dava "PT" de ficar inconsciente e era nesse momento que ele se aproveitava. Até então, eu não sabia, ele nunca tinha me dito. Quando numa dessas eu acordei, com a blusa levantada e ele por cima de mim se masturbando enquanto pegava nos meus seios.

Levei um susto! Perguntei o que ele estava fazendo e ele disse como se fosse a coisa mais natural do mundo, que estava fazendo "amor" com a namorada. Eu perguntei se isso era recorrente e ele confirmou que sim e usou a frase "cú de bêbado não tem dono". Naquele momento eu tentei acreditar que isso era normal, já que éramos namorados e tínhamos uma vida sexual ativa, mas na verdade me sentia mal. Sentia como se ele tivesse me violando sem meu consentimento. Não disse a ele como me sentia. Eu extrapolava na bebida por achar que como estava com meu namorado, tudo bem, nada de mal ia me acontecer. No entanto, não foi bem assim e a pessoa que eu ainda tinha alguma confiança que não ia me fazer mal, fez.

Naquela época, eu acreditava que isso não era considerado um estupro. Mas aconteceu com o segundo namorado, da mesma forma. Foi então que percebi o que estava acontecendo. Cheguei nele e tive uma conversa sincera sobre como estava me sentindo com aquela situação e foi então que ele parou. Pode acontecer da pessoa que você está se relacionando, achar que isso é normal, mas você tem que deixar bem claro que isso se configura como estupro. Independente se for namorado, marido, ficante, crush... se você não quiser, e mesmo assim ele forçar, é estupro. Se não é consentido, é estupro. Se a mulher está inconsciente, é estupro.

Nossa, que história, né, meninas! É triste saber que existem tantas mulheres que já passaram ou passam por situações semelhantes. Infelizmente, o estupro não é um ato que parte apenas de pessoas desconhecidas, mas também de quem nos relacionamos. Mas o que não pode acontecer é a acomodação. Não podemos nos conformar achando que está tudo normal, porque diante desse relato, não está. Muitas de nós já passamos por momentos parecidos, na maioria das vezes, isso acontece quando ainda somos ingênuas quanto as maldades do mundo (como foi no caso da leitora). No entanto, a parte "boa" é que amadurecemos e aprendemos a ficar mais atentas e desconfiadas. Ainda bem que a nossa leitora se livrou desse mau feitor e, pelo que podemos perceber em suas palavras, hoje não se deixa enganar por mais nenhum babaca aproveitador. Eaí, vocês também já passaram, por algo parecido? Manda sua história pra gente! 

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