Éramos felizes e sabíamos

05/06/2019
Divulgação: internet
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Quem nunca recordou os tempos de infância com os amigos, ou a família? Eram tempos de alegria. Ninguém tinha que se preocupar com nada, e uma simples brincadeira já era suficiente para preencher um efêmero vazio. Mas não era o mesmo vazio que sentimos hoje, era algo leve e logo passava com uma brincadeira de roda ou esconde-esconde. Era maravilhoso. Não tínhamos celular e éramos felizes mesmo assim. A gente brincava o dia inteiro sem cansar e no dia seguinte estávamos prontos para viver tudo aquilo de novo. Tudo virava brincadeira. O tédio não existia em nossas vidas, nem a depressão e muito menos a preocupação. Apenas vivíamos um dia de cada vez.

Lembro-me como se fosse agora. Meus irmãos e eu brincávamos de escorregar no barranco de terra com uma caixa desfeita de papelão. Sujava a roupa toda e minha mãe faltava arrancar nosso couro. Eu fazia casinha de boneca no quintal com minha irmã, e meu irmão brincava com a gente, sim. Não havia preconceito. Uma vez, meu irmão cavou um buraco no quintal, acabou quebrando um cano. Já sabíamos em que isso daria. Então ele ficou a tarde inteira fora e pediu para minha irmã e eu contar o ocorrido. Quem disse que tivemos coragem? Ele mesmo acabou contando, mas ficou tudo bem. A gente sempre se metia em alguma encrenca, mas não era nada que não fosse esquecido no dia seguinte. 

Certa vez, acordamos super cedo para comer carne de sol com açúcar escondido do nosso pai (que agora descansa desse mundo cruel). Cara, qual criança hoje faz isso? (Kkkkkkkk). E na vez que comemos o frango escondidos da nossa mãe, limpamos a mão no pano de prato e na nossa roupa e quando ela perguntou a gente disse "não fomos nós". Cara, era muita coisa. Meu pai vivia colocando a gente no "cantinho do pensamento" (e eu nem vou citar o que ele fazia com o cinto, a chinela e o cipó). Meu irmão sempre foi o mais sapeka. Mas era tudo sem maldade, éramos realmente igênuos. Só queríamos brincar. Quando meu pai dava 1 real para comprarmos doces, era a maior alegria do mundo. 

Sabe por qual motivo resolvi relembrar essas coisas tão bobas e compartilhar com vocês? Porque essas lembranças me fazem pensar o quanto vivemos em um mundo ruim e maldoso. É triste admitir, mas vivemos no tempo em que a maldade ocupa muito mais espaço nos corações das pessoas, do que o amor. O amor não morreu, ele ainda é real, mas se esfria a cada dia. Até as crianças de hoje são maldosas, mesmo que de forma inconsciente. São racistas e intolerantes, sem ao menos ter ciência disso. Mas agem assim porque os adultos o fazem. Os adultos são o espelho das crianças. É por isso que precisamos dar exemplo em todos os sentidos. Quem sabe assim, podemos esperar por um futuro melhor. 

É evidente que a tecnologia (e seu avanço) corrobora para esse caminho tão complexo. As crianças já nascem sabendo mexer no celular, e os pais são responsáveis por parte disso. Apenas por parte, porque sabemos que a criança não tem contato apenas com a família dentro de casa. O mundo lá fora é sedutor e excitante, e não escolhe quem vai cair em seus encantos. Ele apenas seduz. As meninas não brincam de casinha e boneca, como antes. Os meninos mal gostam de carrinho. Quase todo tempo de lazer é dedicado às telas do celular, tablet ou computador. Mas isso não é completamente ruim. Só precisa ser feito de forma moderada. Muitas vezes essa dedicação desnecessária acaba prejudicando os estudos e a relação com os pais (com os outros adultos, com o mundo).

O que eu queria mesmo é que os velhos tempos voltassem a reinar entre nós. Que aquela antiga inocência se fizesse presente hoje. Que as crianças se contentassem com aquelas brincadeiras simples, porém de muito valor. E esse desejo não se resume apenas ao mundo infantil. Agora temos preocupações, problemas a resolver, contas a pagar e relacionamentos para lidar. Não podemos voltar no tempo (infelizmente. Eu sempre sonho com o dia em que isso vai ser possível). Só nos resta fazer nossa parte. Termos um bom caráter e fazer bem ao próximo. Que os tempos de criança seja nossa constante nostalgia. É por isso que, mesmo parecendo clichê, eu gostaria de dizer que é verdade. Relembrar é viver. Ser criança é ser feliz. Éramos felizes e sabíamos.

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