De repente 30

03/07/2019
Divulgação: Internet
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empoderellas@hotmail.com 

Hoje acordei com os parabéns da minha irmã. Ela me perguntou qual era a sensação de ter 30 anos. Sinceramente? Ainda não sei. Tanta coisa aconteceu. Coisas boas. Coisas ruins. Ainda é cedo para saber. Por enquanto, foi só um dia como outro qualquer. Lembro-me como se fosse agora. Um dia desses eu estava no ensino médio, curtindo as festas da escola, os namoricos, sonhando com um futuro totalmente diferente do que vivo hoje. Um dia você é jovem, e no outro acorda com 30 anos. São três décadas. E quando se é jovem, a gente pensa que essa idade vai demorar para chegar. Ou se quer, pensamos nisso. Mas chega, há se chega. E o que eu conquistei ao longo dessas décadas? Será que eu tenho que comemorar por ter vivido mais um ano, ou chorar porque se foi mais um? Soa contraditório, né? Mas a vida é assim. Um conto contraditório, cheio de contratempos, percalços. É sobre esses autos e baixos que eu gostaria de falar. 

Certa vez, há uns três anos, uma colega de profissão me falou que os 30 anos é a idade da mudança. É quando começamos a entender realmente do que se trata a vida. A essência. E, é verdade. Mas isso eu já vinha percebendo há algum tempo. Talvez por causa dos sintomas dos "quase 30". A vaidade vai desaparecendo aos poucos, e começamos a fazer questão do que é valioso de verdade. Mas eu não falo daquela vaidade de gostar de se cuidar. Me refiro às coisas banais da vida. Aquelas pelas quais damos tanta importância, quando na verdade, não deveríamos. Essa foi a idade que eu estabeleci para ter metade dos meus objetivos conquistados. No entanto, não conquistei nem a metade da metade. E pelas minhas contas, ainda vai demorar um tantinho bom para que eles se concretizem. E sabe por quê isso acontece? Porque quanto mais velhos ficamos, mais responsabilidades vão surgindo, e consequentemente outras prioridades. 

"Eu jamais removeria uma pedra sequer da minha vida, porque foram elas que me ensinaram o valor dessa morada que hoje estou construindo". Essa é uma das muitas frases ditas pelo meu ídolo Guilherme de Sá. Eu sempre uso alguma frase dele, porque é o meu mestre preferido. E essa me define muito. Define uma pessoa depois dos 30 (no caso dele), mas também define uma pessoa que acabou de fazer 30. Acredito que essa idade transforma as pessoas, mas só se elas quiserem ser transformadas. As pedras que insistem em aparecer em nossa vida, não servem apenas de percalços. Elas também servem para nos ensinar a valorizar. Valorizar o que estamos construindo. O que foi construído. É por isso que não devemos tentar remover as pedras, mas sim fazer o possível para passar por elas, de cabeça erguida. Não é clichê. É real. É só por causa das dificuldades que aprendemos a não pisar na bola, mais de uma vez (quando sofremos as consequências dos erros). 

Mas também tem aquelas pedras que aparecem no nosso caminho por ironia da vida. Essas são aquelas que insistem em nos colocar para baixo, por mais que busquemos o contrário. Mas não importa. As pedras nos ensina a valorizar a morada. Eu aprendi muitas coisas. Mas, principalmente a valorizar momentos tão pequenininhos que ao menos percebemos que são valiosos, na maioria das vezes. E como são. A maioria das pessoas que conheço não se preocupa quando o outro parece triste, nem se importa em fazer uma visita para um amigo. Eu recordo de sempre me lembrar dessas coisas, mas quando fui chegando perto dos 30, isso foi ficando um pouco mais evidente. Sempre tive uma alma filantrópica (é uma das minhas poucas qualidades). Deve ser por isso que os meus amigos me admiram. Eu nem sei, direito. O que eu sei é que eles gostam de algo em mim. Isso é meio obvio. O que eu quero dizer, é que essa idade parece um botãozinho que a vida aperta e te faz perceber muitas coisas.

Costumo ser bem intensa. Por isso, sou um pouquinho estressada (e dramática, segundo as pessoas). Mas, atendendo o pedido que minha irmã fez logo cedo (tenta não se estressar hoje), me esforcei para passar o dia da maneira mais leve possível. E, até que a experiência foi boa. Apesar da vida não ser tão legal comigo, fui abençoada com os melhores amigos que existem. Que estão comigo quando necessário e quando não, também. Sou grata pelas coisas boas da vida que essas três décadas me proporcionaram. Mas sou grata por tudo que aprendi aqui, nesse lugar que eu amo, nossa capital. Mesmo não tendo muito, sou grata pelo pouco que o destino me guiou a receber. Sim, eu posso me contentar com esse pouco. Mais vale um milhão de amigos, não é? Espero conseguir ter essa quantidade, ao longo da minha efêmera vida. E falando nisso, essa é mais uma das coisas que me pego questionando sempre. A vida. Quão passageira ela pode ser. Quão boa, ou quão ruim. Isso é algo que podemos definir, quando decidimos vivê-la intensamente. Carpe diem.

Hoje passei a tarde com uma das minhas amigas. Fizemos de tudo para que o dia fosse o mais agradável possível. Mas nem tudo foi lindo. Não posso esquecer de contar a vocês que hoje uma moça perguntou se eu era mãe da minha amiga. Isso mesmo, você leu certinho. Mãe. Isso aconteceu justamente no dia em que eu acordei triste, por estar me sentindo velha, e sem muitas conquistas na vida (ou talvez nenhuma). Achei que seria um dia especial, de verdade. No entanto, acordei bem, e fui dormir nem tão bem assim. Mas não foi só por causa da pergunta da moça. Tem uma série de coisas envolvidas. De fato não me estressei (como pediu minha irmã), mas fiquei muito para baixo. Tentei fazer o máximo de coisas legais possível. Coisas que me deixam feliz. Mas não adiantou muito. No hiato entre essas coisas, os pensamentos que predominavam sempre eram os negativos. Isso aconteceu porque parei um pouquinho para meditar, e percebi que não sou lá essas coisas. "Grandes" coisas é fazer 30 anos. Mas vamos lá. Bola pra frente, né?

Eu costumo dizer que sou zero ou cem. Quem me conhece (de verdade), sabe o quanto isso é real. As vezes é bom, outras não. Queria dar o céu para as pessoas que amo. Me ofendo com coisas pequenas. E fico muito brava quando dizem que eu fiz algo, sem ter feito. Não é errado, e nunca será. Sermos verdadeiros é a melhor essência que há. É por meio disso que conquistamos a admiração das pessoas. Três décadas é tempo suficiente para aprender a lidar com a vida. E também para limpar o coração de rancores, de coisas que não fazem bem para a alma. Com 30 a gente aprende a amar mais. E descobrimos que é possível fazer mais pelas pessoas. Mais do que pensamos (mas só se a gente quiser, lembra?). Esperei chegar o fim do dia para escrever aqui, porque eu queria ver como seria hoje. Muita gente não vai ler, por causa do texto longo, mas aqueles que leram, com certeza não se arrependeram. Só queria compartilhar essa data, que mesmo não sendo grande coisa, e mesmo não comemorando na Disney, é um "trintei". Agora vou tentar intensificar mais as qualidades que há em mim e tentar amenizar os defeitos, até se tornarem mínimos. Vou tentar fazer valer essas três décadas.

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